Travessa dos Poetas de Calçada

sábado, julho 31, 2004


No meu primeiro período de jornalismo, li um livro chamado "Sobre a Televisão", muito legal, meio extremista, mas bem crítico. Melhor ainda porque eu tenho raiva de TV e viciados em TV, então adorei aquilo tudo. Uma das coisas que diz o livro é que muito do que a TV passa serve como uma espécie de distração, pra manter as pessoas na ignorância, evitando que o tempo seja usado de forma produtiva, ou seja, evitando que a TV deixe as pessoas inteligentes.

"A televisão me deixou burro muito burro demais..."

Sim, a música dos Titãs é também muito boa...Eu comentei isso só pra comentar "That's Entertainment", do The Jam, mais uma daquelas musiquinhas clássicas que fazem parte de tudo mesmo que você nunca tenha ouvido. Parece que a crítica social é um pouco mais ampla do que de "Sobre a TV", porque não fala só de TV, mas de política em geral. A mediocridade da vida das classes pouco favorescidas é uma forma de mante-los no lugar; o povo fica preocupado em sobreviver e não liga pros assuntos do país, do mundo, da vida... acho que é mais ou menos isso. Ouvi essa música no Cine Iris uma vez, mas nao sabia qual era, e ontem acabei pegando em MP3 só pra conhecer um pouco mais de The Jam - foi uma ótima surpresa.

Waking up at 6 a.m. on a cool warm morning
Opening the windows and breathing in petrol
An amateur band rehearsing in a nearby yard
Watching the tele and thinking about your holidays

That's Entertainment...

Waking up from bad dreams and smoking cigarettes
Cuddling a warm girl and smelling stale perfume
A hot summer's day and sticky black tarmac
Fedding ducks in the park and wishing you were far away

That's Entertainment.


sábado, julho 10, 2004



Ainda não acabei de ler 1984, mas ele já mudou minhas concepções de mundo, de vida e de morte. Tem umas partes tão cinematográficas, tão memoráveis, tão TUDO!!! "A união fora uma batalha, o clímax uma vitória. Era um golpe desferido no Partido. Era um ato político." Tipo assim, perfeito.

E poxa, eu morreria feliz se tivesse escrito a cena em que ele encontra a moça no meio da multidão, vendo os prisioneiros de guerra passarem. Eu morreria muito, muito feliz. Mas enfim, agora já tá escrito.

Não sei por quê, mas lembrei de uma frase de um livro que eu não me lembro qual, que me fez ter curiosidade de ler Ana Karênina. Pelo que eu me lembre, alguém ia em um trem e um cara qualquer comentava algo do tipo: "Aqui que Ana Karênina deveria ter deixado Vronski, se ela tivesse alguma coisa na cabeça". Era algo parecido com isso. E tipo, além de ser famosérrimo, quis ler só pra entender a referência. Deve ter sido um livro russo pra ter essa referência, mas dos russos só li clássicos, então... acabei de lembrar que só pode ter sido "A Casa da Rússia". Claro, o livro não é russo, mas se passa lá. Tinha que ser. Aliás, um dos meus micros sonhos de consumo é ter toda a coleção do John Le Carré e ir conversar com ele lá onde quer que ele more. Inglaterra? Sei lá. Vou fazer um search sobre isso hoje. E também sobre o livro novo dele, que fiquei esperando traduzir mas até agora não ouvi falar mais nada. Aliás, deve fazer uns 5 ou 6 anos que eu não compro um livro do tipo lançamento. Desde o "Deus das Pequenas Coisas". Aliás, outro livro que se incorporou na minha vida de forma incrível.

***

"Solitary Man", do Johnny Cash. Um violão contagiante, a voz maravilhosa dele e uma música muito gostosa.

***

Creio que a "Needle in the hay" fala de jovens envolvidos com drogas e a reação dos pais. Ouço essa música em repeat todo dia. Ela é tão... não sei... hipnótica. Não uma hipnose psicodélica, mas uma hipnose silenciosa, dormente, sei lá. E quando ele começa a parte de revolta nem sei o que tenho vontade de fazer. O engraçado é que a parte da revolta é tão calma quanto o resto da música, só com uma leve ênfase. Adoro quando ele começa a cantar

"Gonna walk walk walk
Four more blocks plus the one in my brain
(...)
I can't be myself, I can't be myself
Then I don't wanna talk
I'm taking the cure, so I can be quiet
Whenever I want
So leave me alone
You oughta be proud that I'm getting good marksssssssss...."

É um foda-se coletivo pra quando eu não estiver a fim de ser simpática com ninguém.

***


sábado, junho 12, 2004



Fiquei muito emocionada ontem: ganhei um adesivo (com o leitão, aquele do ursinho Puf) de uma aluninha fofa lá do colégio. Tão bonitinho! Ela disse pra eu escolher e colou no meu crachá. : )

Tô ouvindo The Shining, e pensando nisso, e como uma garota lá do trabalho foi simpática comigo hoje, e que eu não tô deprimida por passar sozinha o dia dos namorados. Tudo parece bem tranqüilo e bem fácil, inclusive aqueles dois fatos que me envergonharam tanto essa semana. Tudo parece bem banal, e um simples leitão no meu crachá me faz crer que tem muita coisa fofa no mundo.

***

Fiquei muito emocionada também vendo o velório do Reagan na TV. Principalmente vendo O Gorbachev, do lado da M. Thacher (é assim que se escreve?), atrás de presidentes ultra famosos e importantes. Só por ver aquela mancha na careca vermelha, sei lá, foge das minhas capacidades.

***

Orkut, meu novo vício. Claro, ainda tenho resquícios de nerd.

***

Peguei Hair na locadora do Estação Botafogo hoje. Nunca tinha pegado nada lá, nem sabia se ainda tinha cadastro. O atendente tinha jeito de bisexual indie, e vestia uma blusa com a estampa "69" em grafia escolar. A fita tava na parte mais alta da estante, e ele me deu uma mini escadinha pra eu pegar. Muito divertido. hehe, uma bobagem, mas divertido. Tava lá um ator que faz um repórter na Celebridade.

***


domingo, maio 30, 2004



Tô escrevendo uma história. Pela primeira vez passei das primeiras 5 páginas. Que emoção. Tô me empolgando de verdade, colecionando elementos, detalhes legais que possam ser encaixados. É um romance sobre as cidades, mesmo que eu ainda me ache pequena, ínfima, inexperiente, pobre demais pra conseguir transmitir o que seria uma cidade romanceada. Seria as cidades dos filmes, os videoclipes do tipo de "Ray of Light" (Da Madonna), as músicas tipo Trance. Pois é, eu gosto das cidades, acho uma coisa bonita, mesmo que cheia de defeitos. É uma especificidade bonita, eu digo. Tirando os shoppings, que são todos iguais, as cidades têm seus detalhes, sua grandiosidade...sei lá. Pois é, não combina comigo. Eu sou uma menina lerda, introspectiva, preguiçosa. Mas Baudelaire deve estar certo: as pessoas Reservadas sentem-se bem na multidão, uma forma de embriaguez.







quarta-feira, maio 19, 2004



***

É por isso que eu odeio gente burra. Ou elas não sabem que são burras - e aí são irritantes-, ou elas sabem da sua condição - e ficam deploráveis. Quem disse que humildade é importante morreu pobre e babão. Se eu sou idiota, o mínimo que eu posso fazer é fingir que não sou - talvez os outros acreditem que os meus indícios de idiotice sejam só brincadeira, sei lá. E por que as pessoas têm tanto medo de falar mal das coisas? Um professor comentou isso esses dias, e é a mais pura verdade. Todo mundo é politicamente correto, mas por trás mete o pau. Tinha em um blog desses da vida, que todo mundo se acha no direito de criticar "desde que não ofenda ninguém". Eu não lembro qual era o blog, mas enfim. E como diz meu adorado Paulo Pires, polêmica é sempre bom, sacode as pessoas. tem que exagerar mesmo, tem que malhar os outros, tem que meter bronca, senão fica tudo relativizado e uma chatice. Por isso que o Shido é o Shido. Tá, se eu convivesse com ele provavelmente teria vontade de vomitar, mas tudo bem, como disse a Pequena, ele lá em Porto Alegre tá ótimo (...). Quantas referências de blog... Acho que tô me neurando nisso.

Hoje na aula, a gente comentando o filme "Diários de Motocicleta", o pessoal que gostou só sabia falar bem e defender coisas indefensáveis. E quando eu falei que as partes que tentam mostrar a transformação do Che são superficiais e mal feitas, todo mundo depois ficou dizendo que não, que a questão era a sutileza, que o mérito do filme era não apelar para o escrachado, era fugir da tentativa de impacto etc etc etc. Ora queridos, então alguma coisa tá errada, porque aquelas "fotografias" PB do final, à la Sebastião Salgado, nada mais são do que "COMOVAM-SE!". E se ele fez isso quando não precisava, logo ele não teria medo de fazer em outras partes. Além do quê, aprofundar não significa algo impactante ou escrachado. Pelo contrário, coisas óbvias são exatamente superficiais. Isso pra mim tem nome, e não é sutileza não, é incompetência.

Tá, agora relativizemos: não, o filme não é ruim e não é estragado completamente por essa falha. Não, o Walter Salles não é ruim - mas o roteirista é. E como eu sou desinformada, se foi o Walter que fez o roteiro então como roteirista ele é um ótimo diretor. Voltando: o roteiro não é uma merda, ele é falho nesse sentido, assim tá bom né? Então tá.

Por isso que eu odeio pessoas burras. Aliás, eu odeio pessoas em geral. Eu não me odeio, claro. Eu odeio essa massa de gente que existe no mundo, que cada um quer ter filho e filho e mais filho. Tem muito mais gente do que devia no mundo. E se alguém quiser sugerir que eu me mate, eu digo que isso não é nada convincente em questão de lógica. Toda vez que eu pego um ônibus cheio eu tenho vontade de matar metade da humanidade.

Aí chega alguém e culpa a ineficiência dos transportes públicos e a desigualdade blá blá blá. Ora, mas enquanto eu tiver que pegar ônibus cheio, eu vou continuar odiando cada pessoa que se meter no meu caminho. Isso não faz diferença alguma, só me deixa de mal-humor, mas dane-se. Morram todos. Blah.

***


sábado, maio 15, 2004



:: Não é exagero: "Hey" (Pixies) é uma das músicas mais sensuais que eu já vi nesses meus longos vinte anos.

:: "Love Cats", do The Cure. Como eu nunca tinha ouvido isso antes? É uma delícia, só isso. Tem que ouvir estalando os dedos junto com o baixo, o tecladinho engraçado, os trompetes, a sonoplastia de fundo. E fazendo movimentos estranhos! Não me admira que tenha virado nome daquela festa da Nautillus. A música parece uma metáfora da vida noturna alternativa:

The way we walk
The way we talk
The way we stalk
The way we kiss
We slip through the streets
While everyone sleeps
Getting bigger and sleeker
And wider and brighter
We bite and scratch and scream all night
Let's go and throw
All the songs we know...


E tudo tem um movimento sinuoso... igual gatos mesmo. Sssssssss....

:: "I Go Blind" (Hootie and the Blowfish) - Música de clichês musicais fofos! Inclusive aquele tipo de linha de baixo que eu não sei explicar, que tem na Tell Me More e na Bring Back That Lovin Feeling.


sábado, maio 01, 2004



Sobre a beleza

1. Por que pessoas com dinheiro são geralmente bonitas e vice-versa? Porque o dinheiro pode proporcionar beleza, e beleza pode trazer dinheiro.
2. Pessoas unanimemente bonitas já têm 50% de seu caminho feito pelos outros, que estão sempre solícitos.
3. pessoas unanimemente bonitas que não conseguem completar os outros 50% ou conseguem estragar os primeiros 50% têm um sério problema.
4. Pessoas não unanimemente bonitas (e isso não significa necessariamente feias) que conseguem a solicitude de pelo menos parte dos primeiros 50% e ainda os outros - ou parte - 50% são, no mínimo, mais interessantes.

O que eu quero dizer: quando você é bonita, as pessoas ao seu redor têm uma solicitude imensa com você, uma predisposição a gostar de você e te ajudar. Isso é bem útil. Aos outros que não chamam tanta atenção resta cativar essa solicitude por outros meios: charme, autoconfiança, inteligência, originalidade.



Histórias que fogem da minha capacidade de tanta carga dramática, amplitude e mais alguma coisa que eu não sei definir, ou seja, coisas que me fazem sentir muito, mas muito mínima, tipo assim, um nada!

1: Syd barrett

O Syd Barrett me dá falta de ar de tanta tristeza. Toda vez que lembro disso fico parada, olhando pro nada, como se eu também fosse meio maluca. Fico imaginando ele, em algum lugar totalmente isolado do mundo, ainda vivo, mas praticamente considerado "gone". Ele que podia ter estado na história de uma das mais maiores bandas do mundo... O cara foda que, por causa de drogas, fica maluco...E ele se isola...E perde tudo...E fica assim. É tão... não sei. É triste demais. É muito drama europeu, tipo aqueles filmes meio sem música, com cores meio pastéis com cara de sujo. Não sei. Comentaram isso na MTV ontem, e só por eu ter lembrado já fiquei meio sei lá...E aí depois deu a Wish You Were Here, feita pra ele, com aquela letra de vou-me-matar... E aí eu lembro da foto que eu vi na RollingStone, uma vez, do Syd já meio autista, como ele é tão a cara de "(a) soul swimming in a fish bowl, year after year, running over the same old ground...What have we found? Same old fears...".

Meu lado poético entra em surto quando penso nisso. É uma coisa assim que foge das minhas capacidades...


domingo, abril 18, 2004



- I Gotta rush away - she said - Ive been to Boston before.
Anyway, this change I've been feeling
doesn't make the rain fall...
No big differences these days
Just the same old walkways
Someday Im going to stay
- but not today.





High on diesel and gasoline...


sábado, abril 17, 2004



"Cinco anos depois que o Exército russo invadira o país de Tomas, Praga estava completamente mudada: as pessoas com quem Tomas cruzava nas ruas não eram as mesmas de antes. Metade de seus amigos tinha emigrado e a metade dos que ficaram estava morta. É um fato que jamais será registrado por um historiador: os anos que se seguiram à invasão russa foram um período de enterros;nunca houve mortes tão freqüentes. Não menciono só os casos (raros aliás) de pessoas que foram perseguidas até morrer (...) Mas a morte também atingia os que não eram perseguidos diretamente. Infiltrando-se através da alma, o desespero que tomara conta do país invadia e aterrorizava os corpos. Alguns fugiam desesperados do regime que, oferecendo-lhes honrarias, queria constrangê-los a aparecer em público ao lado dos novos dirigentes. Assim morreu o poeta Frantisek Hrubine, procurando fugir do amor do Partido. O ministro da Cultura, de quem tentara escapar (...), alcançou-o junto ao caixão. Pronunciou sobre seu túmulo um discurso sobre o amor do poeta à União Soviética. Talvez tivesse pronunciado essa ignomínia para acordá-lo. Mas o mundo estava tão feio que entre os mortos ninguém queria se levantar."

("A insustentável leveza do ser", Milan Kundera, p. 229-230)


domingo, abril 11, 2004


***

Minha mãe tinha um livro de etiqueta bem velho e bem grande que eu adorava ler quando criança. Depois ela jogou fora, talvez se julgando suficientemente etiquetada.

Esses dias, andando na rua sem muita coisa pra pensar, fiquei reparando em como as pessoas andam com os braços balançando de forma tão regular e tão natural. Se a gente começar a andar com ele parado (sim, eu tentei!) eles começam a balançar direitinho, o esquerdo quando a perna direita vai à frente e vice-versa. Me lembrei do livro de etiqueta, que dizia que isso devia ser seguido e que era a maneira correta de andar. Claro, não tem como evitar. Mas se a gente presta atenção parece muito patético todo mundo com os braços pendendo e balançando durante a caminhada.

***


sábado, abril 10, 2004


***

Tenho conhecido várias bandas novas - novas pra mim, pelo menos, não necessariamente recentes. Algumas são famosinhas no mundo alternativo, outra foi comentada no jornal, enfim, essas coisas que me dão curiosidade de entender a referência.

Darkness

Estourou, agora, o hit "I believe in a thing called love", rock-farofa (palavras alheias) engraçado e animadinho. O CD todo é assim, uma zoação de clichês musicais. Me disseram que eles tocam maquiados e tal, e o marketing se deve ao fato de eles terem assinado contrato com gravadora recentemente. Ok, eu ainda não sou jornalista, eu não apuro nada, ainda vivo à base de boatos. me disseram e eu repasso piamente.

Starsailor

Só ouvi uma música, "Good Souls", outras estão a caminho. Dizia no jornal que eles lembravam um Coldplay um pouco menos leve, e isso pra mim já era mais do que um argumento se fosse verdade. Até agora lembra vagamente, mas não posso formar minha opinião por uma faixa só. A voz do cara é meio Placebo. É tudo meio Placebo, aliás. Meio.

Elefant

Peguei umas quatro músicas do álbum "Sunlight makes me paranoid" (adorei esse título). Parece meio David Bowie. Alguns elementos melódicos se repetem nitidamente, mas não cansam. Lembra The Cure também. Não tem nada de mais, mas não sei descrever, só comparando mesmo.

The Dandy Warhols

Só o L7 do nome já vale a pena. Mas as músicas, em essência, mandam muito bem. Nada exagerado nem muito inovador, um rock competente e agradável, feito com carinho, digamos assim. Ouvi primeiro "Bohemian Like You", que dá vontade de botar repeat eternamente se a gente tá na pilha. A letra é legal que mostra bem uma conversa tranqüilinha entre um cara e uma menina, aquela coisa assim.... tranqüila, sabe? Sei lá, é isso. Dá pra deduzir os diálogos, é fofo. Ouvi também "Get Off", um pouco mais envolvente do que animada, um tom ligeiramente latino. E "You were the last high", que à primeira ouvida parece sem-graça, mas com o costume acaba viciando pela simplicidade também envolvente. O vocalista dá umas caidinhas na voz muito sedutoras nessa música. Aliás, a conclusão mais forte é a de que o vocalista tem uma voz muito gostosa, assim grave, atraente, uma beleza. A música tá lá se empolgando e ele nem aí, lá com o microfone dele, tipo "tá tudo sob controle. Sei o que eu faço". Ai ai.

FischerSpooner

Tudo começou na queridinha Bunker, que sempre toca uma música deles. Só esses dias fui perguntar pro DJ qual era, e ele me veio com esse nome, que eu tinha visto no jornal como uma das fodonas que viriam pro SkolBeats em SP mas iam deixar os cariocas chupando dedo. Como não sabia o nome da música pra baixar, fui tentar fazer um search, mas não lembrava de nenhum trecho da letra. Até que me deparei com um trechinho da "Emerge" na coluna do Lúcio Ribeiro, por acaso. Jurava que era ela. Mas não era. Depois de muitas tentativas e praticamente todo o CD ouvido, cheguei à viajante "The 15th", linda, deliciosa, envolvente, psicodélica, meio lentinha, uma linha melódica do vocal muito agradável, umas repetições eletrônicas delicadas. Tudo isso e mais um pouco. Ouvi tanto que enjoei. Enfim, FischerSpooner é algum tipo de eletrônico, pq eu não sei classificar essas coisas. E eletrônico é sempre interessante, se tiver um mínimo de variedade. "Emerge", a mais famosa, é repetitiva, mas vicia sem perceber.

***


***

Que lindo. A capa do Rio Show de ontem traz como matéria principal os melhores sebos e brechós. Em uma das fotos da capa,tem o carinha dos Titãs - que eu esqueci o nome - revirando vinis. O primeiro da pilha é "Cat Stevens - Greatest Hits", com a fotinha do barbudo. :)

***


domingo, abril 04, 2004


***
Alguém podia escrever alguma coisa sobre as etiquetas. Aquelas etiquetas de blusa que volta e meia ficam para fora nas blusas femininas, o que é uma gafe. Podiam escrever tipo, sei lá, algo como "As etiquetas para fora são o grande problema da humanidade". Não isso, alguma coisa que vá no detalhe, na essência da questão. Acho algo tão particular, tão elementar que seria aquele tipo de coisa que você nunca esperaria ler e acharia fofamente interessante.

***


sábado, abril 03, 2004


***

Tenho vontado de gritar.

Não; minto. Não tenho vontade de gritar. Tenho vontade de dizer isso, mas o sentimento não corresponde. Influenciada pela Insustentável Leveza do Ser, com suas perífrases irônicas, é isso. Não tenho forças, me sinto fraca. Psicologicamente, digo. Me vêm à mente diversas cenas "vergonhosas", as quais me arrependo de ter encenado. Detalhes, detalhes e mais detalhes, muitos detalhes mortais, que parecem ter uma importância enorme - e talvez, mas em poucos casos, de fato tenham.

Descobri que gosto da descrição, que tenho estudado ultimamente. Volto a pensar nas minhas necessidades intrínsecas: da palavra, da imagem, da confecção de artes plásticas, da administração. Minhas quatro veias que não sei como unir. Tenho vaga idéia: em ADM, um negócio próprio, relacionado a cultura; o resto, não sei. Parecem excludentes, no sentido de que um sempre teria um foco tão maior na minha vida que me causa dor renegar o outro a uma dimensão infinitamente inferior. O inferior, porém, tenho certeza de que caberia ser as artes plásticas. Sobra, portanto, a imagem e a palavra. E isso me dá agonia, o impasse entre os dois. Essa incerteza da satisfação de uma dessas necessidades me atormenta.

***


sábado, março 13, 2004


***

o cinema é algo simplesmente humilhante. Atire a primeira pedra quem nunca viu uma cena na telona e desejou que ela acontecesse consigo. O problema é que a nossa vidinha mais ou menos nunca tem a iluminação certa, não é editável, não tem trilha sonora sufocando o som ambiente, nem um grand finale na hora H.

Hoje mesmo, ouvindo "I wanna be sedated", dos Ramones, me deparei com a frase: "...nothing to do, nowhere to go...I wanna be sedated!...", ao mesmo tempo de uma batida punk rock insuportavelmente boa. Fiquei pensando: isso num filme acaba com a cabeça de alguém! Me deixem exagerar, porque essa música dava uma boa cena de tédio (se é que já não deu), daquelas de filminho adolescente, com um carinha se retorcendo na poltrona e mofando em casa por causa de algum fato com importância crucial no roteiro e que tem, agora, suas conseqüências mostradas. P***, como assim? Até uma cena deprimente vira emocionante no cinema. Isso, sim, é humilhante. Devia vir com uma tarja: "Atenção! Não tente fazer isso em casa!" - os danos psicológicos seriam irreversíveis.

É claro que, de tudo isso, dane-se aquela história de reflexão sobre o cinema realidade, cinema verdade blá blá blá... Não tenho pretensão nenhuma nem desejo de que essas cenas com emoção superfaturada sejam abolidas dos filmes. Pelo contrário; se ele existe e consegue tornar mais interessante algo banal, que bom. Pelo menos em parte. Ou pelo menos talvez na tela a gente perceba coisas imperceptíveis na vida real. Será? Vai saber.

Nosso único consolo é que, ao repetir a cena na vida real, o roteiro não fica ridiculamente previsível.

***


sábado, março 06, 2004





Eu odeio: pessoas com guarda-chuva tentando andar na marquise, roubando lugar dos que estão à mercê da chuva.

Eu adoro: bebês e animais bocejando (não que estejam na mesma categoria, claro).




quinta-feira, março 04, 2004


E falando disso... Queria manifestar minha profunda atração por músicas faladas, ou pelo menos parcialmente como tal. Tipo A Century of Elvis, que eu to ouvindo e lembrei desse comentário bem indispensável e desconcertante. É muito charmoso o cantor falando aquelas coisas no seu ouvido, tipo I'M OPEN, do Pearl Jam. Ou até prisão das Ruas, do Ira!. Ai ai....


And another thing I've been wondering lately:
Am I crazy
to belive in ideals??!?
(pa-ra-ra-ran de guitarra)
Well I'm a betting man,
But it's getting damn lonely
Oh honey if only I was sure what I feel...
Whats my scene? Tell me, I gotta know!


É...pois é.... Eu cantava essa música com a letra que eu achava que era, de ouvido, e me identificava mais... depois continuei tentando fingir que a letra era outra, ou seja, o que eu queria dizer... mas é isso aí de cima....

Nos meus bloquinhos de faculdade existem várias páginas exclusivas para o TELL ME I GOTTA KNOW. Explicar porque é muito difícil e leva tempo, e tal.


quinta-feira, fevereiro 26, 2004


Bookends

Time it was and what a time it was, it was
The time of innocence
The time of confidence
Long ago, it must be
I have a photograph
Preserve your memory
They're all that's left you

(solo dedilhado de violão)


Musiquinha de um minuto do Simon & Garfunkel. Triste de doer.


Acho que voltei a ter internet, pelo menos por enquanto. E - pelo menos por enquanto - vou tentar botar os deseinhos de musiquinhas feitos pela minha pessoa super criativa e modesta.


Acabei de voltar de Alto Rio Doce, um BBB furreca em um Carnaval simpático de Minas. E sim, acrescentou coisas sim, acrescentou conclusoes. pelas pessoas, pelo que vi, pelo que ouvi, pelo que deixei de fazer e ouvir e ver e tal. Coisas assim. Pessoas bonitas, pessoas feias - e eu nao to falando de aparencia. Podia falar mais sobre isso, mas tah tudo muito recente.


Eh bom estar de volta, e voltar pra mesma vidinha, e viver despedidas e antidespedidas. Adoro transportes e viagens - trens e onibus e avioes. Amo muito tudo isso.


Prometo tentar nao ser mais tao grossa, nem tao egoista, nem tao fraca, nem tao pessimista, e prometo tentar lembrar da minha promessa todos os dias.






Com Train in Vain, do The Clash, ressoando na cabeça...


sábado, janeiro 10, 2004


Iniciando essa nova fatia de tempo, com muita, muita coisa mudada. Eu, particularmente, mudei muito de uns 3 anos pra ca. Muita coisa boa, sera? E algumas ruins que vieram junto. Meu anonovo foi bom, diferente, um anonovo de verdade, uma viagem de verdade, pra Buzios, que eu nunca tinha ido. Mas podia ter sido em outro lugar que seria maneiro tb. Nao tenho palavras pra escrever tudo que foi esse ano, todo o resgatar de ar... Nao tenho como exprimir a sensacao do abrir de pulmoes quando eu finalmente alcancei o topo do mar e consegui respirar depois de tanto tempo. She holds the hand that horlds her down... she will... rise above!!. Eh sensacional, talvez valha a pena esses ultimos meses em estranha e excessiva ansiedade. Nao consigo falar tudo, eh melhor parar.

Varios micos de Buzios vao ficar guardados.... Dormi no carro, me estabaquei na Rua das Pedras ( nao por causa do Martini, por causa da sandália!!), me estabaquei também no Zapata ( era a mesma sandália...), tomando martini no gargalo em plena festa de família, dando uma de pedófila com uma moço de 17 anos, captando energias positivas às 6 horas da manha do dia primeiro, enfim....


domingo, dezembro 21, 2003


Estranho atingir aquilo que se quer. Estranho chegar lá. Estranho alcançar o esperado. Nao que nao seja bom. Mas parece que acaba a graca.


sábado, dezembro 20, 2003


Natynha! To postando hoje, depois de algumas semanas sem linha telefônica!! Essas comodidades da vida moderna, não...muito tentadoras, mas as vezes meio carinhas... enfim...


domingo, novembro 30, 2003


Bebi gummy, caipirinha, tubaínas e nao fiquei bêbada nem tonta. estranho. Só com muito sono. Também, o clima de chuva e as poucas pessoas nao ajudavam. Até o dono da festa dormiu no sofa. Cheguei em Rio das Ostras tarde, voltei cedo e continuo improdutiva.




Creedence Clearwater Revival. Nunca gostei muito. Mas o som deles é tao unido , assim, meio denso, nao sei explicar... muito bom. As viradas da bateria já valem tudo. E Who'll stop the rain foi a primeira muica que eu consegui tocar razoavelmente no violao. Essas pessoas têm muito problema com chuva... tantas musicas falam disso, de "oh droga de chuva que nao passa!". Tanto no sentido metaforico - como na musica citada - quanto no literal.

I guess I'm always hoping that will end this rain
(...)


segunda-feira, novembro 24, 2003


Eu não fui, esse domingo. Devia ter ido. Devia ter ido também no sábado. Mas as minhas necessidades mudaram, e é difícil explicar. Eu também não quero que entendam.

Agora, por exemplo, se eu disser que quero ir à igreja, soa bastante brega , meio ridículo. mas eu bem queria recuperar a convivência bonita que eu perdi na adolescência. Porque, apesar de todos os problemas que me fizeram me afastar da igreja, ainda acho muita coisa bonita lá dentro, e ainda insisto em dividir as pessoas em "o mundo" e "nós". Juro que não é de forma pejorativa, mas é outra cultura, outra vida, outro olhar - que ninguém compreende nem tenta compreender. Eu poderia ficar mais dez dias falando sobre isso com muita gravidade (adoro isso) mas deixa pra lá.

( ...e adquiriu um tom grave....)

he doesn't understand,
and he doesn't try...
he knows there's something missing...


domingo, novembro 23, 2003


Tinha esquecido, meu Deus, da Babe I'm Gonna Leave You. E com a lembrança da musica vem a lembrança da tipo-uma-rave que eu fui ano passado, escondida por umas dunas de areia na praia de Ipanema. Lembro disso e vem junto toda aquela sensaçao de inicio de faculdade e todas aquelas coisas da época... Pois bem. Escuro, luzes dos postes contrastando, muita gente em pé, muita na areia, uma tenda improvisada com bandinhas tocando classic rock, muita maconha. E eu la, achando aquilo tudo muito novo, muito diferente, muito ha.... Praia, noite, luzes, musica, frio, acordes... Foi la que ouvi Mercedes Benz, Hide your love away, Riders on the Storm, Babe I'm Gonna Leave You. Eram novas pra mim, mas parecia que ja faziam parte de tudo. Como o mundo existir sem essas musicas? Claro, elas estavam la, nalgum lugar. E a gente indo embora, ja tava tocando CD, o pessoal se preparando pro trance. Começa um dedilhado de guitarra com uns acordes dramaticos, profundos, e eu Ai Meu Deus isso é bom... alguém gritou muito alto, com uma voz muito bonita: Babe I'm Gonna Leave You!!!! E a voz do Led Zeppelin (esqueci o nome) começou a cantar... baby, baby, baby.... you know - I - am - gonna leave you... pronunciando as palavras com cuidado, assim parecendo que ia quebrar...


sábado, novembro 22, 2003