Travessa dos Poetas de Calçada

quarta-feira, maio 19, 2004



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É por isso que eu odeio gente burra. Ou elas não sabem que são burras - e aí são irritantes-, ou elas sabem da sua condição - e ficam deploráveis. Quem disse que humildade é importante morreu pobre e babão. Se eu sou idiota, o mínimo que eu posso fazer é fingir que não sou - talvez os outros acreditem que os meus indícios de idiotice sejam só brincadeira, sei lá. E por que as pessoas têm tanto medo de falar mal das coisas? Um professor comentou isso esses dias, e é a mais pura verdade. Todo mundo é politicamente correto, mas por trás mete o pau. Tinha em um blog desses da vida, que todo mundo se acha no direito de criticar "desde que não ofenda ninguém". Eu não lembro qual era o blog, mas enfim. E como diz meu adorado Paulo Pires, polêmica é sempre bom, sacode as pessoas. tem que exagerar mesmo, tem que malhar os outros, tem que meter bronca, senão fica tudo relativizado e uma chatice. Por isso que o Shido é o Shido. Tá, se eu convivesse com ele provavelmente teria vontade de vomitar, mas tudo bem, como disse a Pequena, ele lá em Porto Alegre tá ótimo (...). Quantas referências de blog... Acho que tô me neurando nisso.

Hoje na aula, a gente comentando o filme "Diários de Motocicleta", o pessoal que gostou só sabia falar bem e defender coisas indefensáveis. E quando eu falei que as partes que tentam mostrar a transformação do Che são superficiais e mal feitas, todo mundo depois ficou dizendo que não, que a questão era a sutileza, que o mérito do filme era não apelar para o escrachado, era fugir da tentativa de impacto etc etc etc. Ora queridos, então alguma coisa tá errada, porque aquelas "fotografias" PB do final, à la Sebastião Salgado, nada mais são do que "COMOVAM-SE!". E se ele fez isso quando não precisava, logo ele não teria medo de fazer em outras partes. Além do quê, aprofundar não significa algo impactante ou escrachado. Pelo contrário, coisas óbvias são exatamente superficiais. Isso pra mim tem nome, e não é sutileza não, é incompetência.

Tá, agora relativizemos: não, o filme não é ruim e não é estragado completamente por essa falha. Não, o Walter Salles não é ruim - mas o roteirista é. E como eu sou desinformada, se foi o Walter que fez o roteiro então como roteirista ele é um ótimo diretor. Voltando: o roteiro não é uma merda, ele é falho nesse sentido, assim tá bom né? Então tá.

Por isso que eu odeio pessoas burras. Aliás, eu odeio pessoas em geral. Eu não me odeio, claro. Eu odeio essa massa de gente que existe no mundo, que cada um quer ter filho e filho e mais filho. Tem muito mais gente do que devia no mundo. E se alguém quiser sugerir que eu me mate, eu digo que isso não é nada convincente em questão de lógica. Toda vez que eu pego um ônibus cheio eu tenho vontade de matar metade da humanidade.

Aí chega alguém e culpa a ineficiência dos transportes públicos e a desigualdade blá blá blá. Ora, mas enquanto eu tiver que pegar ônibus cheio, eu vou continuar odiando cada pessoa que se meter no meu caminho. Isso não faz diferença alguma, só me deixa de mal-humor, mas dane-se. Morram todos. Blah.

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