Travessa dos Poetas de Calçada

sábado, abril 03, 2004


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Tenho vontado de gritar.

Não; minto. Não tenho vontade de gritar. Tenho vontade de dizer isso, mas o sentimento não corresponde. Influenciada pela Insustentável Leveza do Ser, com suas perífrases irônicas, é isso. Não tenho forças, me sinto fraca. Psicologicamente, digo. Me vêm à mente diversas cenas "vergonhosas", as quais me arrependo de ter encenado. Detalhes, detalhes e mais detalhes, muitos detalhes mortais, que parecem ter uma importância enorme - e talvez, mas em poucos casos, de fato tenham.

Descobri que gosto da descrição, que tenho estudado ultimamente. Volto a pensar nas minhas necessidades intrínsecas: da palavra, da imagem, da confecção de artes plásticas, da administração. Minhas quatro veias que não sei como unir. Tenho vaga idéia: em ADM, um negócio próprio, relacionado a cultura; o resto, não sei. Parecem excludentes, no sentido de que um sempre teria um foco tão maior na minha vida que me causa dor renegar o outro a uma dimensão infinitamente inferior. O inferior, porém, tenho certeza de que caberia ser as artes plásticas. Sobra, portanto, a imagem e a palavra. E isso me dá agonia, o impasse entre os dois. Essa incerteza da satisfação de uma dessas necessidades me atormenta.

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